sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Falas e Rótulos

A paráfrase: 'Dize-me como fala, que te direi quem és', traz em si uma parcial verdade. Não se mede o ser humano apenas pela linguagem assimilada nos bancos escolares e, um falante bem preparado, às vezes até mascara um modo de se expressar. Porém, pode localizar-se a origem e até aproximar-se do grau de formação acadêmica conforme o modo como a pessoa se comunica.


Seria de grande proveito a boêmios, lunáticos e escritores se fosse possível resumir alguém com base apenas em sua fala. Tais indivíduos teriam seus status decolando por entre a  multidão, independente da bagagem cultural que detêm. Ainda sobre cultura, o que dizer daqueles que dominam a linguagem, mas escamoteam seus defeitos e/ou a ausência de níveis escolares? São dotados da oratória, no entanto são dignos e seguros de rótulos positivos?


Não se demilita o caráter por meio somente de suas conversas, ou mesmo de qualquer outro indício a priori. Visto que a arte de se ocultar pela fala predomina, há a necessidade de analisar quem se comunica por outros vieses: ação, ponto de vista, histórico e (por quê não?) pessoas com quem se relaciona, valendo então o ditado original da paráfrase, entre outras tantas opções.


É inviável julgar a fala como um conjunto, mas determinadas partes desse todo não é difícil de perceber. Por mais que ele ou ela tenha uma noção ou domínio graças ao deslocamento por diferentes culturas, dificilmente perde-se o sotaque original, desde o cantado gaúcho até a elegância do inglês bretão. Outro fator acusado pela fala é a formação acadêmica. Além do 'poder' de não cometer falhas grotescas no linguajar do idioma, nota-se pela facilidade tanto de se expressar quanto de esclarecer o assunto do qual ele porte o diploma.


Infelizmente, rotular o próximo de acordo com a aparência logo de cara é uma constante, em especial no Brasil. Ser paciente para analisar melhor e formular um parecer a posteriori raramente acontece. Para ter paciência exige tempo, elemento praticamente inexistente no corre-corre mundial de hoje.





segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Deuses Europeus - Parte I


A América entrou na fase da puberdade na cronologia da terra a partir dos anos 90, com a maioria dos países completando cinco séculos de existência. As datas dos aniversários desses países se dão a partir da chegada do europeu, só que isso dá a entender para qualquer aluno leigo que tais territórios foram 'trazidos' ao mundo pelos ibéricos civilizados. Mas civilizados em que aspecto?

Este texto está dividido em 5 (cinco) partes, cada qual aborda sobre os principais viajantes que aportaram na América.

1) A serviço dos reis de Castela e Aragão

Cristóvão Colombo tinha como projeto original chegar até as Índias traçando outro cominho, pretendendo ir além dos feitos de seu conterrâneo Marco Polo, que encontrou a China do imperador Kublai Khan. Apegado à religião católica, procurava meios para financiar uma última cruzada para retomar o domínio de Jerusalém dos islâmicos e teve como seus patrocinadores para a viagem os reis católicos da Espanha, Fernando de Aragão e Isabel de Castela.

O navegador estava convencido do formato esférico da Terra, e que dessa forma poderia alcançar seu objetivo mesmo indo pelo lado contrário das rotas conhecidas até então: o Mediterrâneo, que estava sob domínio muçulmano, e circundando a África.

Só que, ao invés da Ásia, a caravela do genovês avistou uma das ilhas da atual Bahamas em outubro de 1492, que continha nativos totalmente distintos (e desnudos) em relação aos indianos (daí o nome 'índios' para os povos pré-colombianos de todo o continente). Colombo batizou essa ilha de São Salvador.

Não demorou muito tempo para a tripulação perceber que o lugar não era o almejado continente asiático. Cristóvão e sua tropa, visto que não encontraram nenhum material de valor (especiarias e ouro em abundância) para montar sua cruzada onírica, tiraram proveito do tráfico de escravos indígenas para compensar o prejuízo para com os reis espanhóis.

Com essa medida desesperada e frustada Colombo deu início à dizimação indígena na parte insular da América Central (no total foram quatro expedições entre idas e vindas da Europa, aportando também nas atuais Cuba, Haiti e Jamaica), os negros africanos foram seus substitutos após a extinção.

É comum em livros didáticos ou outras mídias que abordam o feito do genovês a retratação de um homem sonhador, empenhado, racional e bondoso, a principal é o filme 1492 - A conquista do Paraíso (de Riddley Scott, 1992). Porém, alguns relatos indígenas preservados revelam um Colombo arrogante, prepotente e ambicioso, que nunca impediu a apreensão muito menos a matança dos nativos. Pelo contrário, pensava que desse modo ia mostrar que os europeus tinham poder sobre os índios.

Cego pela devoção ao catolicismo, os esforços do explorador genovês não foram reconhecidos na época. Coube a outro viajante tal façanha, que será explicada no próximo artigo.


domingo, 19 de julho de 2009

Michael Jackson: Pop msm pós-mortem

Próximo de completar um mês d falecimento, o rei do pop ainda dá o que falar na mídia. Seja por meio de divulgação de registros inéditos, desde os ensaios para a turnê londrina prevista para julho, onde aparentava certo vigor para dançar e cantar, até o bizarro acidente com o seu cabelo durante gravações para um comercial há 25 anos.


A explosão que esse nome teve depois do dia 25 de junho de 2009, data em que veio a óbito, foi imediata: cds esgotados nas lojas do mundo inteiro, os poderosos da área do jornalismo via tv (CNN, BBC, Globo) vararam a madrugada e dias com resumos e devassas sobre a vida tanto artística quanto particular do artista, todas as câmeras do mundo voltadas para o rancho Neverland, a calçada da fama, o possível testamento, os irmãos 'pingüins d geladeira' (a exceção talvez da escultural Janet e da barraqueira Latoya). Até o conhecido, gigante e 'amplo' Google entrou em colapso qdo c digitava Michael Jackson em suas pesquisas.


É claro q Joe Jackson, o pai carrasco, deu o ar da graça preocupado mais em divulgar sua gravadora do que chorar a perda do filho, além de declarar, sem qualquer resquício de mea-culpa, que pretende transformar os 3 filhos de Michael (que até o momento estão sob a guarda da avó Katherine) em 'Jackson 3'.


Tal vendaval de informações provou que Michael Joseph Jackson teve o espaço que lhe era de direito há anos na mídia. Fica a indagação: ignoraram ou simplesmente esqueceram o astro que, apesar dos pesares, ainda dava seu último suspiro? É notório às crianças com menos de 11 anos a lacuna sobre conhecimentos a respeito do Rei do pop, graças à auto-destruição física aliada a reclusão dos holofotes da imprensa (a não ser pelos escândalos sobre pedofilia) e dos palcos.


O que o mantêm detentor desse título nobre foi o seu feito nos anos 80. Qualquer artista que veio depois providos de uniformes para suas performances, letras simples com batidas 'que ficam' e coreografias inovadoras devem reverência a Jackson. É fácil até para Madonna e Prince reconhecerem isso (Ambos foram contemporâneos e 'rivais' de Michael, além de todos terem nascido no mesmo ano).


Depois de Jimi Hendrix, Elvis Presley, Freddie Mercury, entre tantos outros, lá se vai mais um ídolo da música de forma trágica e prematura. Tomara que a mídia não espere os outros que brilharam em temporadas passadas e hoje perambulam no anonimato para adotarem a tática "Ele fez muito pela música, estava sumido e foi embora cedo"
Abaixo uma singela homenagem dos detentos de uma prisão nas Filipinas, FEITA QUANDO MICHAEL AINDA ESTAVA VIVO, com a música Thriller.