quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Palavras de quem sabe - 3

Turismo na Catalunha (Ted)




Chamar a Europa de Velho Continente é de fato uma designação repleta de sentidos, pois além de ser um continente que possui séculos de história e resquícios de civilizações e acontecimentos cuja importância reflete até os dias atuais, é também um continente que transmite ancestralidade através de ruas, museus, achados arqueológicos, ruínas e paisagens naturais. Na península ibérica, a Espanha é um país em que sentimentos atemporais é capaz de proporcionar ao viajante uma aula de história ao mesmo tempo do turismo.

A Equipe brasileira do Projeto Turismo e Arqueologia, cujos trabalhos realizados na cidade de Girona, na região da Catalunha (Espanha) fora apresentado na edição de sábado passado da A Tribuna, durante os 10 dias que permaneceram no Velho Continente pesquisando e apresentando resultados obtidos em relação aos sítios arqueológicos que estudam viabilizar para o turismo de Piracicaba e região, também se deslocaram à outras partes da Catalunha.

Ao nordeste da península Ibérica, a comitiva brasileira do Projeto se deslocou à Catalunha, considerada uma comunidade autônoma da Espanha, muito influenciada pela civilização romana. Girona, cidade base da Universidade de Girona, onde atuam os quatro profissionais espanhóis do Turismo & Arqueologia, está localizada há 60 quilômetros da França e a língua oficial é o catalão, uma mistura de espanhol como o próprio francês. De acordo com moradores do local, e estudiosos lingüísticos, o catalão deriva do latim e se desenvolveu por volta do século IX.

Entretanto, o primeiro povoamento na Catalunha data a época pré-histórica do Paleolítico Médio (mais de 300 mil anos atrás), comprovada através do achado de uma mandíbula de um homem pré-neandertal, na região de Banyoles. A peça está exposta no Museu de História Natural de Banyoles, que pertence a província de Girona. O achado arqueológico está ligado a lenda do “negro de Banyoles”, que em 1830, uma naturalista francês desenterrou um corpo de um indígena recém cremado. Apropriaram-se do corpo e o dissecaram. Anos depois, descobriram que o homem pertence a Botsuana, na África. Existe até hoje um impasse político entre Espanha e Botsuana para que o corpo retorne ao seu lugar de origem.

E a própria cidade base do Projeto, Girona, é uma aula de história a céu aberto. Localizada em uma região outrora estratégica dentro do Império Romano, a cidade era constantemente alvo de invasões e conseqüentes destruições. Para reforçar a segurança do lugar, foi construída ao redor de Girona uma muralha. Com mais de cinco quilômetros de comprimento, a arquitetura foi restaurada na contemporaneidade e se tornou um dos principais atrativos turístico da cidade, em que a pessoa pode percorrê-la de ponta a ponta e ter uma bela visão da cidade.

O pedaço remanescente da muralha romana está localizado no “Bairro Velho” de Girona, dividido do “Bairro Novo” pelo rio Onyar. Foram construídas várias pontes que possibilitam o acesso das pessoas de um bairro para o outro, cuja panorâmica é o mais tradicional cartão postal da cidade. Em ambas as margens do rio existem prédios antigos e coloridos, cenário que inspirou muitos artistas da Catalunha e cuja história está devidamente contada no Museu d´Història de la Ciutat (Museu de História da Cidade).

O Bairro Velho é essencialmente constituído por arquiteturas antigas. Enormes catedrais, como a Catedral Central (uma edificação de diferentes estilos, entre os séculos XI e XVII) e a Igreja de São Felix (estilo gótico dos séculos XIII e XV), que são dois monumentos visíveis de qualquer ponto de Girona, de tão grandes e imponentes. No interior da Catedral e da Igreja existem museus com peças sacras e enormes altares, além da própria estrutura. São pontos que recebem visitas de turistas durante todo o dia, inclusive no período noturno, pois recebem iluminação especial para realçá-las.

Ainda no “Bairro Velho”, e aonde os quatro brasileiros do Projeto Turismo & Arqueologia se hospedaram, o centro histórico localiza-se num antigo reduto de judeus. O El Call, conhecido como o principal quarteirão judeu, é um labirinto de ruas de pedra e guetos. Toda a história e importância da comunidade judaica que habitou Girona até 1492 está no Museu d´Història dels Jeus (Museu de História dos Judeus), que fica na Rua La Força, exatamente ao lado do apartamento que abrigou a comitiva do Projeto. Um campus da Universidade de Girona também no “Bairro Velho”, entretanto, possui uma infro-estrutura de ponta, apenas a fachada dos prédios é que se mantêm nos moldes da arquitetura antiga.

Porém, Girona não é apenas história. Ao atravessar uma das pontes sob o rio Onyar chega-se ao “Bairro Novo” e eis uma cidade contemporânea e altamente desenvolvida. Grandes estabelecimentos comerciais, prédios, empresas de renome mundial, mais museus e lugares de lazer requintados. Essencialmente Turística, Girona tem uma população com cerca de 75 mil habitantes em uma superfície de 38,38 quilômetros quadrados. A cidade ainda dispõe de aeroporto e estação ferroviária. Com apenas seis euros (aproximadamente R$ 17) é possível, em uma hora de trem, chegar a Barcelona.

A parada final em Girona é a estátua da Leoa, datada do século XII. Existe uma lenda que toda pessoa que visita a cidade deve beijar o traseiro do animal empedrado para, um dia, retornar. O monumento está no “Bairro Velho” próximo do centro comercial, mas nada inibe os turistas que sobem uma escadinha devidamente pensada para o ato do beijo. E os moradores de Girona fazem questão de acompanhar o turista para o tradicional “beso en el cul de la Lleona”.

Como parte da viagem a Espanha, ou a Catalunha, a comitiva brasileira do Projeto saiu da fantástica Girona e realizou visitas técnicas (e claro, turísticas) a cidade de Empúrias, Figueres, Serenyà, Barcelona. Localizada na Costa Brava, o litoral mediterrâneo na Catalunha, Empúrias foi fundada em 575 antes de cristo pelos gregos da região de Phocaea. O nome Empúrias deriva de Empório, que significa mercado. Mais tarde, a cidade foi ocupada pelo Império Romano e posteriormente deixada em ruínas durante a Idade Média.

Empúrias, no entanto, é um importante centro turístico da Catalunha devido o sítio arqueológico descoberto em 1908. Transformado em local turístico, Empúrias abriga ruínas de cidades nos moldes gregos e romanos, um museu com artefatos da época e com vista para o Mar Mediterrâneo. A pé, o visitante pode adentrar as ruínas e sentir o ar histórico na pele ao caminhar entre os resquícios do passado que estão lá tão evidentes e devidamente restaurados.



Erick Tedesco (Ted) é Jornalista/Assessor de Imprensa (MTB-48.163) na Tribuna Piracicabana (www.tribunatp.com.br)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Falas e Rótulos

A paráfrase: 'Dize-me como fala, que te direi quem és', traz em si uma parcial verdade. Não se mede o ser humano apenas pela linguagem assimilada nos bancos escolares e, um falante bem preparado, às vezes até mascara um modo de se expressar. Porém, pode localizar-se a origem e até aproximar-se do grau de formação acadêmica conforme o modo como a pessoa se comunica.


Seria de grande proveito a boêmios, lunáticos e escritores se fosse possível resumir alguém com base apenas em sua fala. Tais indivíduos teriam seus status decolando por entre a  multidão, independente da bagagem cultural que detêm. Ainda sobre cultura, o que dizer daqueles que dominam a linguagem, mas escamoteam seus defeitos e/ou a ausência de níveis escolares? São dotados da oratória, no entanto são dignos e seguros de rótulos positivos?


Não se demilita o caráter por meio somente de suas conversas, ou mesmo de qualquer outro indício a priori. Visto que a arte de se ocultar pela fala predomina, há a necessidade de analisar quem se comunica por outros vieses: ação, ponto de vista, histórico e (por quê não?) pessoas com quem se relaciona, valendo então o ditado original da paráfrase, entre outras tantas opções.


É inviável julgar a fala como um conjunto, mas determinadas partes desse todo não é difícil de perceber. Por mais que ele ou ela tenha uma noção ou domínio graças ao deslocamento por diferentes culturas, dificilmente perde-se o sotaque original, desde o cantado gaúcho até a elegância do inglês bretão. Outro fator acusado pela fala é a formação acadêmica. Além do 'poder' de não cometer falhas grotescas no linguajar do idioma, nota-se pela facilidade tanto de se expressar quanto de esclarecer o assunto do qual ele porte o diploma.


Infelizmente, rotular o próximo de acordo com a aparência logo de cara é uma constante, em especial no Brasil. Ser paciente para analisar melhor e formular um parecer a posteriori raramente acontece. Para ter paciência exige tempo, elemento praticamente inexistente no corre-corre mundial de hoje.





segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Deuses Europeus - Parte I


A América entrou na fase da puberdade na cronologia da terra a partir dos anos 90, com a maioria dos países completando cinco séculos de existência. As datas dos aniversários desses países se dão a partir da chegada do europeu, só que isso dá a entender para qualquer aluno leigo que tais territórios foram 'trazidos' ao mundo pelos ibéricos civilizados. Mas civilizados em que aspecto?

Este texto está dividido em 5 (cinco) partes, cada qual aborda sobre os principais viajantes que aportaram na América.

1) A serviço dos reis de Castela e Aragão

Cristóvão Colombo tinha como projeto original chegar até as Índias traçando outro cominho, pretendendo ir além dos feitos de seu conterrâneo Marco Polo, que encontrou a China do imperador Kublai Khan. Apegado à religião católica, procurava meios para financiar uma última cruzada para retomar o domínio de Jerusalém dos islâmicos e teve como seus patrocinadores para a viagem os reis católicos da Espanha, Fernando de Aragão e Isabel de Castela.

O navegador estava convencido do formato esférico da Terra, e que dessa forma poderia alcançar seu objetivo mesmo indo pelo lado contrário das rotas conhecidas até então: o Mediterrâneo, que estava sob domínio muçulmano, e circundando a África.

Só que, ao invés da Ásia, a caravela do genovês avistou uma das ilhas da atual Bahamas em outubro de 1492, que continha nativos totalmente distintos (e desnudos) em relação aos indianos (daí o nome 'índios' para os povos pré-colombianos de todo o continente). Colombo batizou essa ilha de São Salvador.

Não demorou muito tempo para a tripulação perceber que o lugar não era o almejado continente asiático. Cristóvão e sua tropa, visto que não encontraram nenhum material de valor (especiarias e ouro em abundância) para montar sua cruzada onírica, tiraram proveito do tráfico de escravos indígenas para compensar o prejuízo para com os reis espanhóis.

Com essa medida desesperada e frustada Colombo deu início à dizimação indígena na parte insular da América Central (no total foram quatro expedições entre idas e vindas da Europa, aportando também nas atuais Cuba, Haiti e Jamaica), os negros africanos foram seus substitutos após a extinção.

É comum em livros didáticos ou outras mídias que abordam o feito do genovês a retratação de um homem sonhador, empenhado, racional e bondoso, a principal é o filme 1492 - A conquista do Paraíso (de Riddley Scott, 1992). Porém, alguns relatos indígenas preservados revelam um Colombo arrogante, prepotente e ambicioso, que nunca impediu a apreensão muito menos a matança dos nativos. Pelo contrário, pensava que desse modo ia mostrar que os europeus tinham poder sobre os índios.

Cego pela devoção ao catolicismo, os esforços do explorador genovês não foram reconhecidos na época. Coube a outro viajante tal façanha, que será explicada no próximo artigo.


domingo, 19 de julho de 2009

Michael Jackson: Pop msm pós-mortem

Próximo de completar um mês d falecimento, o rei do pop ainda dá o que falar na mídia. Seja por meio de divulgação de registros inéditos, desde os ensaios para a turnê londrina prevista para julho, onde aparentava certo vigor para dançar e cantar, até o bizarro acidente com o seu cabelo durante gravações para um comercial há 25 anos.


A explosão que esse nome teve depois do dia 25 de junho de 2009, data em que veio a óbito, foi imediata: cds esgotados nas lojas do mundo inteiro, os poderosos da área do jornalismo via tv (CNN, BBC, Globo) vararam a madrugada e dias com resumos e devassas sobre a vida tanto artística quanto particular do artista, todas as câmeras do mundo voltadas para o rancho Neverland, a calçada da fama, o possível testamento, os irmãos 'pingüins d geladeira' (a exceção talvez da escultural Janet e da barraqueira Latoya). Até o conhecido, gigante e 'amplo' Google entrou em colapso qdo c digitava Michael Jackson em suas pesquisas.


É claro q Joe Jackson, o pai carrasco, deu o ar da graça preocupado mais em divulgar sua gravadora do que chorar a perda do filho, além de declarar, sem qualquer resquício de mea-culpa, que pretende transformar os 3 filhos de Michael (que até o momento estão sob a guarda da avó Katherine) em 'Jackson 3'.


Tal vendaval de informações provou que Michael Joseph Jackson teve o espaço que lhe era de direito há anos na mídia. Fica a indagação: ignoraram ou simplesmente esqueceram o astro que, apesar dos pesares, ainda dava seu último suspiro? É notório às crianças com menos de 11 anos a lacuna sobre conhecimentos a respeito do Rei do pop, graças à auto-destruição física aliada a reclusão dos holofotes da imprensa (a não ser pelos escândalos sobre pedofilia) e dos palcos.


O que o mantêm detentor desse título nobre foi o seu feito nos anos 80. Qualquer artista que veio depois providos de uniformes para suas performances, letras simples com batidas 'que ficam' e coreografias inovadoras devem reverência a Jackson. É fácil até para Madonna e Prince reconhecerem isso (Ambos foram contemporâneos e 'rivais' de Michael, além de todos terem nascido no mesmo ano).


Depois de Jimi Hendrix, Elvis Presley, Freddie Mercury, entre tantos outros, lá se vai mais um ídolo da música de forma trágica e prematura. Tomara que a mídia não espere os outros que brilharam em temporadas passadas e hoje perambulam no anonimato para adotarem a tática "Ele fez muito pela música, estava sumido e foi embora cedo"
Abaixo uma singela homenagem dos detentos de uma prisão nas Filipinas, FEITA QUANDO MICHAEL AINDA ESTAVA VIVO, com a música Thriller.